quinta-feira, 26 de abril de 2012

ESCRITÓRIO

Aderi à estagnação, por exercício...
Após tanta crítica às rochas,
apaguei da ação as minhas tochas
e resolvi sentir na pele um novo vício...
Dias espelharam dias, que espelharam eternidades
no momento em que fui puro reflexo,
ausentado do prumo e do nexo
de minhas cinqüenta severidades.
A íngua do poema escondeu-se
debaixo do assento em que repouso,
e o máximo que ora ouso
é esperar como se torcesse,
sem chutar a gol, sem drible bem dado...
e eis que meu instinto foi remediado.

Agora, senhores, vago
de espectador a espectro, e me apago.
Existir e acaso são irmãos,
interagindo em mensagens criptografadas
pelos caminhos de minha mãos.
Não há mais mensagens reveladas.

Afinal de contas, parar,
esquecer-se
não é nada mais do que delirar,
loucomover-se...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

QUEDA

Caí.

Caim matou Abel
no instante em que me vi.
Proferi então minha primeira palavra.