segunda-feira, 27 de agosto de 2012

LEVIATÃ

A água escorre pela rodovia,
e, com ela, minha percepção
fugidia, escorregadia...

No bueiro da memória,
escondido e em movimento,
se manifesta o ido de minha história...

Ratos e baratas infectos
tramam sua revolução
por dentro de meus dutos...

Astutos, os enteais de meu pensamento
navegam em meu interior
sem qualquer pudor, a todo momento...

... para no fim afogarem-se no mar
em que o leviatã de minha alma
os engole sem luto, sem perdão, sem penar...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

CÍCLICO...

Foge à minha percepção
    o último traço
de minha contração...

Vestido da intenção
   que continuamente despedaço
surjo frente à minha ilusão.

Através de um primevo traço
   desapareço na emanação,
Quando ao fim e ao começo enlaço...

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

AURORA

 Sobram ruídos no espaço,
não há som...

Diz-se que há dom,
mas só ruído sobra
      do que não há no espaço.
No não-ser me desfaço
    qual isento eon....

Sobram                 ruídos sem tempo,
alturas se confundem                      em seu tropeço...
                          rio sem fim ou começo
branco sinal intangível
                                                                          contemplo...

Todo ouvidos observo
essa sinestesia sem sentido,
segurando águas sem mãos, comedido,
para sumir nessa complexa ausência
em que cores cantam motetes a mil vozes
e as vozes aplaudem o silêncio da libido
sentido pelo sentido quando absorve
a própria incoerência existencial.

É enfim a hora,
em fim:     silêncio
em mim:               aurora