sábado, 7 de novembro de 2009

A MORTE DO POETA

Um dia... o dia que viria a ser
a poesia esboçada que existe
no perene perecer...
o dia que insiste, consiste
em formar a ilusão de perder,
em criar a intenção de viver
sem que se possa fazê-lo,
labirinto sem novelo...

Um dia que sequer merece
cada hora das vinte e quatro,
posto que nunca fenece
na mente do outro
que fica, mas me esquece...
ao fechar os olhos apago
da memória do dia
meus rostos, anseios, afagos,
cada som de minha cantoria...

Apago o apego ao que grita
do lado de fora do armário,
como o bradar do corsário
roubando a paz que a mente descogita,
e de repente me apago
e me lanço no mar, navegar,
e a onda ao vento que trago
ajuda o capitão a comandar.

Um dia, um dia que viria a ser
o dia de ser, se há de morrer...
a poesia, o legado, ensinam
ou contaminam,
a luz das estrelas não guia o destino,
passa a sê-lo,
no dia em que o dia se ponha
sobre as rosas dos meus olhos.

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