sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

RETORNO

"No passo solitário de retorno pra casa,
pela noite deserta do bairro suburbano,
penso e sinto tudo o quanto passo,
e o passo mole da noite abre a minha asa...
Ouço um samba qualquer e sorrio
ao lembrar da amada que me sorri
quando tento o passo desajeitado
do samba dobrado, cansado, suado
de tanto fabricar a alegria que some por vezes.
Sorrio de mim, sigo o meu passo
e esqueço o cansaço.
Os olhos da amada são a noite
e a saudade, sereno açoite
que vem devagar e me toma por completo...
sorrio das lembranças, exceto
as que marcaram demais
o pulsar da canção, e a fizeram morrer...
O samba dá lugar ao blues
e me entrego à entrega, sem medo
e sem culpa... o refrão me arrepia
até de manhã cedo, e o enredo
se torna o compasso do peito
aberto, desfeito...
lembro da amada e me arrepio
ao imaginá-la dormindo,
e, de novo sorrindo, abro a porta
e procuro o violão..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário