terça-feira, 13 de julho de 2010

TEMPLO

Baixei a pena por tempo indefinido,
as palavras se encarceraram no nó da garganta.
Conheci um desconhecimento que me espanta,
o de mim mesmo, em meu cárcere, contido.
Enquanto a cidade se move com suas luzes e pesares,
paro em mim e vejo o tempo que me move.
O tempo fora é como espelho: chove,
O tempo dentro é como um templo de olhares.

A rua se apresenta aos meus pés como consolação
ao meu parado centro que se engana
a cada trama que teço em minha gana
de esquecer que sou um ser de ação.
Enquanto ando sou todo olhos nos pés
e meu olhar unicamente anda.
No meu templo, a energia é branda
busca apenas as respostas e os cafés.
A paisagem é vista pelo coração,
que certamente ama a cidade em que vaga,
em especial quando o Sol apaga,
e as luzes são calma solidão.
No templo o tempo passa calmo,
e enquanto todos dormem, há reflexão,
há mundos inteiros de imaginação,
e de realidade, só um palmo...
Eis que desse palmo encontro a palma
da mão que ao violão recorre, sorrateira,
recorre a eterna inspiração primeira
de musicalizar a minha alma...
Enfim do olhar que vejo,
resta apenas o momento analítico,
o último olhar, crítico,
aponta a direção do que desejo.

Do cárecere contemplo o templo
e dele me liberto, certo
de que o templo não é cárcere,
e de que o cárcere não é templo.

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