quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

"LA MER"

Escuto Debussy enquanto penso.
"La mer" ecoa em minha sala,
na câmara de ressonância que é minha cabeça
e nas paredes do vizinho iletrado que detesta Debussy...
Não escuto o mar,
só sons,
e eles não me dizem nada,
não me fazem confidências,
não me xingam, não me chamam para jantar,
não me beijam nem me repugnam...
São capazes de arrepiar,
por isso são mais epiteliais do que auditivos,
ao contrário do mar,
que não seria nada sem som.

Está escuro, e nada do que imagino
é provocado pelo que ouço,
mas pelos sentidos embotados
e pela mente que tenta significar
a primitividade do som da orquestra
como se segurasse o mar com os olhos
e quisesse que este não lhe fugisse.

A música não diz.

Nunca.

Ela é antes de ser sentido,
ou nunca foi...

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