sábado, 7 de dezembro de 2013

MEIO

O apartamento sussurra
através de seus canos,
a insônia insana me alegra
enquanto leio desesperadamente
e por obrigação.
O zumbido do transformador
que pende do poste
é uma sonata eletroacústica
aplaudida pela lascívia
das cigarras,
e eu, a invejá-las,
fumo um cigarro
e me transbordo em névoa
a ler o dito livro técnico
para trocar seu conteúdo
por outros papéis.
O sussurro do apartamento
me confia um absurdo segredo:
pouco importam amor e ódio
dirigidos à inutilidade das coisas.
Escrevo, leio, escrevo, leio...
no fim
sou só
meio...

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