Quem sabe um dia tudo acabe
e nos leve ao ponto certo de não sermos.
Quem sabe um dia tudo se tranforme
em menos do que o ar
e em mais do que a vida que levamos.
Quem sabe um dia essa angústiapor segredos termine
e o tempo exista como um aliado
nesta briga com o ninguém que somos nós...
Quem sabe um dia a poesia
deixe de escrever-se no papel
e recitar-se nos salões,
e volte a ser a linguagem do céu,
apesar dessa ausência de estrelas, apesar das
luzes da cidade, apesar da solidão
infecta das casas trancadas
que tem sido nossa cabeça e nosso peito...
apesar de inexistirem os pesares...
Quem sabe um dia a esperança plena
de que tudo seja o que é
deixe de existir,
para que vire o simples ser,
e deixe de ser o almejar.
Quem sabe um dia meu verbo cale
e com meu último sopro
eu expulse a última lágrima de afição do mundo, e a felicidade
seja um regra geral que todos seguem por querer.
Basta tua liberdade em aparecer,
basta nossa força em quebrarmos os espelhos
que escondem a alma.
Basta minha vontade de ser feliz.
Basta
há na lógica sob os subterfúrgios da tentativa de expressão, algo mais que conglomerar palavras ao léu, na revelia do dia de juntar sons simétricos como se sentidos tivessem. Esta poesia é a ressonância de uma arte tal, que de tal arte alimentou-se um artista, na certeza de que tudo não está perdido, mais do que nem tudo está perdido.Perdi o senso do que dizer. Perdão.
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