segunda-feira, 1 de março de 2010

do Leste

O começo da noite em seu despertar
sugere a iluminação do interno, a buscar.
A linguagem de cada noturna visão é lembrar
a qualquer indivíduo que há luz em certo lugar
e que mesmo longínqua, inalcançável
se faz visível mesmo que tenha deixado de ser...



Cada ser vivo que vaga sob a Lua,
pela estrada errante da noite nua
se reconhece pelo andar atento
e pelo verbo lento
de quem não tem pressa de que a noite acabe.
A noite é um ente vivo, que ensina e subverte,
vive e morre ao passo que se inverte
em sua própria natureza, a de inversão de algo,
cumprindo ao papel que lhe cabe.



Na noite em que descansam os corações cansados,
brotam de cada viela as incertezas e as dores,
os amores escondidos, as flores dos velados,
a visão do que a luz do sol esconde, os clamores,
as rezas aos santos, a magia noturna, os nascimentos,
os suicídios, os entendimentos e os entediamentos
do ego que se ilumina para que sobreviva sem a luz
que os olhos enxergam. Se há vinho, houve a água
que o mar movimenta nos olhos que se cansam
de ver o que não lhes conduz ao sentido vertical de ser.



Enfim, quando do Leste surge aos olhos a chama
da vida que chama, dá-se as costas aos pontos
distantes de luminosidade, e aprende aquele que ama
que a luz mais próxima não gera confrontos,
o Sol não se explica quando nasce, ilumina
a lágrima dos olhos, na menina,
e ensina o noturno e o poeta
a ver seu próprio sono,
fútil abandono...

A noite
se faz dia
somente quando o dia
nunca mais for noite,

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