sexta-feira, 19 de março de 2010

FRONTE

Na fronte do dia um confronto direto
com a noite que subsidia o existir sobre o teto
negro da noite que me afaga,
me sustenta e me apaga.
Na fonte do ócio se bebe o vício
sob a forma do auto-sacrifício,
enquanto os santos virtuosos
dormem a noite em círculos luminosos.
Surpreendo o concreto do chão
forrado de negro e de não,
dizendo-me enfim que o ardor
que me move é sem cor.
Convenço o concreto constante
que sua natureza é de chão
pra que cada cansado passante
passe por ele, então.
O concreto que não sonha, mas fala,
me conta que pelo sonho resvala
e volta pro seu negro não ,
desacreditando a visão
de que o sonho em concreto
ainda existe em discreto
em resistência ao bordão
da falta do concreto de visão.
Piso pois, sobre o concreto
que me conduz e limita o caminho,
e eis que sigo sozinho
em direção à minha fronte, confronto direto.

A rua é espelho de mim, que espelho
o lugar de onde vim, que espelha
o concreto real e eterno do velho
que mais novo sempre existiu,
é o todo... e sumiu

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