segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CLÍMAX

Equilibram-se estações sobre a corda bamba dos meses,
enquanto a corda dos relógios trabalha
recriando o esplendor e a mortalha
em seu ciclo de infinitas vezes....
Dançam os momentos, ainda que petrificados,
em torno a um Todo ainda não visto,
que em mim vive, mas do qual disto,
por ainda não ver o quanto os passos são santificados...
"Ora e labora", me disseram, e eis que o faço,
muito embora, ainda trôpego, meu verbo seja o descompasso
da hora que perdi para que me ganhasse, em que refaço
o deslindar-se do momento em que não sou espaço...
Há então a valsa ternária em que sou solo,
enquanto no ar dois tempos se libertam,
o de mim enquanto tempo, que aos poucos assolo,
e o de mim enquanto a música que os anjos concertam...
E no momento exato que de qualquer momento dista
surge minha ansiada inexistência plena,
à qual me entrego como clímax da última cena
na qual me engole a alma que a si mesma conquista...

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