sábado, 19 de setembro de 2009

REFLEXO DO SOL

Se a bossa bate nova a batucada de meu peito,
a velha dor da rima crua se faz.
Nesse caminho tantas vezes feito
chego em curto tempo às fronteiras do jamais...

Há um certo clima no ar de quem se entende
embora não se suporte mais,
um certo desepero contido
que dispensa o metro heróico,
a rima rica, o tempo, o espaço, o sonho, a canção...
Há uma reticência significativa nos semblantes da noite
e uma vontade de quem vive sem saber porque...
uma vontade de saber de tudo o que a vida traz
e de tudo o que a vida parece negar...
Existe um medo escondido no fundo do armário
que pulsa... não de solidão, nem de dor,
mas de que tudo de repente passe e me leve a passar
ao nada....

A noite dialoga com o centro de meu ser
e o tempo se esconde atrás de uma estrela
pra que eu não o veja a passar pelos meus olhos,
adorando-o, temendo-o, amando-o... mas não sentindo-o.
Esse poema prosaico sai de mim mais expulso do que feito
e hoje sou só a expulsão do berro,
puro descontrole, puro carne, osso e mente,
sou o caos e me entrego a ele por um dia...
como sabiamente diz o poeta
entrego-me a enganar o engano
e ao fingir-me insano
sou a lucidez da noite que vaga no peito dos homens...

Resta apenas esse devaneio
expulso do pulso de minhas veias
e uma vontade de que o sol raie enfim
pra uma nova jornada igual
em que noto o diferente em mim
pra poder enfim ver na lua o reflexo de um Sol...

Nenhum comentário:

Postar um comentário