segunda-feira, 2 de maio de 2011

ENFIM CONCRETO

Da vista que planou sobre o urbano complexo,
escorreu líquida solidão, silêncio exato, vivo.
Abandonado do ego o lado lascivo,
brotou a busca de um sonhado nexo
entre a projeção de porvires, torrencial,
e a concretude da verdade que se reconstrói
a cada retorno do ciclo, cronofágico, canibal
de si mesmo em sua doçura que corrói...
A cidade abaixo dos olhos fingia a morte
enquanto suas lâmpadas de artificial luz
serviam aos olhos como o capuz
a esconder a interna visão do quanto foi corte
a discrepância entre aindas e agoras
construídos, ambos, no decorrer das horas
em que, de fato, pouco se fez e nada existiu.
Houve então a imagem do que se retraiu
estampada na face da noite, na forma de chuva
esperando a própria queda, nuvem fadada
a ser ciclo, retorno em sua essência desvendada
pela vista que a si mesma turva
a planar sobre a pétrea curva
do tempo da cidade, chovendo cansada
o esplendor da ilusão abortada...

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