segunda-feira, 25 de julho de 2011

PAÇO DA LIBERDADE

A praça e o paço por onde passam
os pés levianos de meu fim de dia
são a Atlântida além do naufrágio, visão arredia
dos tempos que se embaraçam...
Art-nouveau no centro do concretismo,
deslocada aparição exata ante o cinza
do asfalto que o céu espelha, ranzinza,
escancarada lição do mais puro hermetismo...
Os rostos talhados em pedras na arquitetura
são todos o meu, mas não me vejo
enquanto observo, pequeno, o desejo
de ser o prédio que a vista emoldura...
Enquanto a tarde se reitera e se esvai,
sumo de mim e sou o tempo breve
em que de Atlântida subiu à superfície o espírito leve
que ao homem legou a consciência do que à consciência atrai...
No último segundo de contemplação,
percebo um lampejo de luz arisca
brotando da janela da última elevação
em que, do prédio, Netuno me olha, e pisca...

Um comentário:

  1. "Paço. Oh Paço...
    Eis que finalmente vejo uma homenagem a altura direcionada a este monumento-arte, cujo qual ao lado de ti e de várias xícaras de café admirei discretamente.

    Saudades..."

    -DAVI-

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