domingo, 24 de julho de 2011

A POESIA DESPIDA II

Uma fotografia congelada me sorri,
enquanto me desfaço em agoras anteriores.
Sou congeladamente o passado que socorri
e abriguei internamente em desbotadas cores.
Vive ainda o momento em que fui estátua
no retrato que captou minha eternidade.
Me repito intensamente e, em minha fogueira-fátua,
se consome o último ar em que se exalou a novidade...

O solo é pisado por mim, defunto,
para que haja equilíbrio no retorno,
e, após um último alento morno,
a terra pisoteie o que em mim foi desconjunto...
Nesse momento, aos que ficam,
certamente serei mais retrato do que vida,
e enquanto à velha luz os novos velhos edificam
sorrio e sorrirei a poesia, despida....

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