sexta-feira, 25 de março de 2011

HOMO SAPIENS SAPIENS VISIBILIUM

Desenhadas tuas mãos nas cavernas
estavam há milênios quando surgiste,
no entanto hoje é que a linha triste
em tua palma atravanca tuas pernas.
Criação a criar o incrível
e insensível projeto de inexistência,
utilizando a fútil sapiência
daquele que sabe que sabe o visível.
Tens voz, e ela aumenta, em volume,
proporcionalmente inversa à luz.
A palavra é a máscara e o capuz
do que a covardia não assume.

Libertaram-se do acaso as palavras
que ressoaram pelas paredes.
São agora a terra em que lavras,
quadro e moldura do que cedes.
Refugia-se o som de tua voz
no oco de alguém que as retém,
extraíndo da língua, refém,
a persona do próprio algoz.
Delira em si mesma tua fome
de fim, rumo ao total novo fim,
descontínua linha que te descontinua e some,
ansiando o talvez e desprezando o sim...

És em si um anúncio ambulante
do apocalíptico paraíso
situado entre o quase juízo
e a morte do atual instante...



Nihil sub sole novum,
sapienti sat!

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